GALUNION – Consultoria em Foodservice

A NRF Big Show 2024 e o futuro do Foodservice

Maior evento de varejo do mundo abre espaço para a alimentação fora do lar e destaca avenida de inovação para as empresas do setor

São Paulo (SP), janeiro de 2024 – Por muito tempo, o setor de alimentação fora do lar foi visto como um ecossistema diferente do varejo, mas na edição de 2024 da NRF Big Show, vimos a convergência acontecer – o que faz muito sentido, pois as tendências de comportamento de consumo impactassem o cliente em todos os momentos.

O maior evento de varejo do mundo, em sua 113a edição, reuniu cerca de 40 mil pessoas, 800 expositores e 178 palestras focadas em um tema ao mesmo tempo relevante e amplo: “Make it Matter” (ou, em tradução livre, “Torne isso Significativo”). Um mote que já prenunciava um foco em atuar buscando fazer a diferença em cada negócio.

Para quem foi ao evento com um interesse especial em Foodservice, como é o caso da GALUNION, a NRF Big Show mostrou que existem diversas possibilidades de ganho de eficiência e produtividade, além de novas áreas de atuação que podem ser exploradas com sucesso.

De maneira bem objetiva, estes são os nossos 5 insights que a NRF Big Show 2024 trouxe para o futuro do Foodservice:

1) Na operação, busca incansável por eficiência e resolução de problemas

Chamou muito a atenção como os palestrantes do evento focaram em ganhos para o negócio.. Palavras como eficiência, produtividade, personalização e crescimento andaram juntas, especialmente utilizando novas tecnologias – ou tecnologias já existentes de uma forma criativa.

Um bom exemplo é o geofencing, ou envio de mensagens para os clientes que se encontram nas proximidades de um estabelecimento. Para o marketing, essa sempre foi uma boa ideia difícil de executar e que exigia uma abordagem um tanto cuidadosaabordar o cliente que passa perto da loja parece ser mais simpático quando uma pessoa comunica uma oferta do que quando o celular toca com um SMS informando sobre uma promoção.

A rede de lanchonetes Five Guys deu a essa tecnologia uma nova aplicação. Sabendo que uma das grandes fontes de experiências ruins acontece quando o cliente vai pegar seu pedido na loja errada, a marca passou a ser proativa, informando o cliente que “ops, parece que você não está indo para a loja onde seu pedido está sendo preparado”.

Como o foco está na solução de um problema e o cliente autoriza previamente esse tipo de contato, o resultado é bastante positivo. O consumidor recebe o pedido correto no tempo previsto e o restaurante não corre o risco de ter que refazer um pedido em cima da hora porque o cliente foi para a loja errada.

O foco em resolver problemas e melhorar a experiência do cliente ponto a ponto, em vez de buscar uma “bala de prata”, combina com o Foodservice, onde  incrementos contínuos transformam negócios.

2) Inteligência Artificial onipresente: da segurança à previsão de demanda

O tema da IA apareceu com força tanto nos estandes da feira quanto nas palestras – mas sempre ligada a aspectos práticos do negócio. Redes como Kroger e Ulta Beauty contaram, por exemplo, como a Inteligência Artificial vem ajudando a evitar ataques cibernéticos nas empresas. A tecnologia consegue identificar mais rapidamente possíveis problemas, a partir de comportamentos dos usuários da rede.

Na Ulta Beauty, por sinal, a IA contribui não apenas para a segurança no digital, mas também nas lojas físicas. Quando o sistema identifica um crescimento no número de tentativas de invasão ou mais menções a determinada região ou tipo de produto em fóruns de criminosos na dark web, as equipes de segurança das lojas são avisadas para proteger melhor os itens mais visados.

Já na rede de supermercados Sainsbury’s, a IA ajuda a definir melhor os níveis de estoque e a previsão de demanda por todo tipo de produto. Dessa forma, diminuem os casos de ruptura do estoque e o consumidor dificilmente sai da loja sem o produto desejado. O resultado, por enquanto, é um aumento de 2 pontos percentuais na margem do negócio, o que, para um supermercado, representa muita coisa.

3) O restaurante dos Jetsons

A Foodservice Innovation Zone, área de inovação alimentar do evento, mostrou diversas soluções de automação para estabelecimentos do setor. Algumas são mais próximas da realidade atual, como o uso de terminais touch screen para pedido e pagamento – com todo o sistema interligado à cozinha para acelerar a entrega dos alimentos, e ao sistema de gestão para que haja informações em tempo real sobre o que acontece no negócio.

Outras ideias são mais visionárias – e estão mais longe da realidade atual do Foodservice brasileiro, mas servem como uma referência do que o futuro pode trazer. Em um dos estandes, um robô preparava as batatas fritas: como esse é um processo bastante controlado, com tempos e temperaturas definidos, é uma atividade automatizável. Um robô, nesse caso, prepararia as batatas sempre da maneira ideal, de acordo com um algoritmo bastante preciso.

A questão é o custo, que pode inviabilizar esse tipo de solução para muitas empresas brasileiras. Mas fica a provocação: até que ponto esse tipo de tecnologia permite aumentar a eficiência e colocar a equipe da loja para realizar atividades mais interessantes e desafiadoras, focando no serviço ao cliente?

4) Monetizar o ponto de venda

O crescimento da retail media (redes de mídia programática controladas pelo varejo) promete ser explosivo: segundo a Insider Intelligence, esse mercado saltará dos atuais US$ 38 bilhões para US$ 100 bilhões nos próximos dois anos. O grande foco são negócios de grande recorrência e mix de produtos amplo, como supermercados e farmácias – pois neles existe uma grande disputa dos fornecedores por mais espaço e oportunidades comerciais.

No entanto, há oportunidades para o Foodservice nesta tendência. Mesmo tendo um mix de produtos mais reduzido – e grande parte preparado ou finalizado no momento – os negócios do setor podem aproveitar seus canais de relacionamento com o cliente (loja física, app, e-commerce) para comunicar promoções e ofertas de maneira personalizada. Com isso, podem potencializar parcerias com a indústria para apresentar itens exclusivos, ofertas por tempo limitado, novos sabores e outras oportunidades de ativação do ponto de venda.

Aqui a questão da eficiência e produtividade também surgiu com força. O varejo americano assumiu a postura de entender o ponto de venda não mais como um “armazém de produtos” que espera o cliente vir: agora, a loja física é um espaço de atração de clientes e relacionamento. E isso vai muito além do produto: o live commerce, por exemplo, pode usar o espaço físico do foodservice como cenário para ações que conectam entretenimento, conteúdo, experimentação e vendas, gerando desejo pelos produtos e pela marca.

5) Foodservice como experiência no varejo

O Foodservice é tradicionalmente um ponto importante da experiência de varejistas em todo o mundo. As grandes lojas de departamentos europeias, como Galeries Lafayette, Rinascente, Selfridge’s e KaDeWe, contam com food halls que convidam o cliente a permanecer mais tempo e desenvolvem conexões entre consumidor e marca que vão muito além dos produtos.

Alimentação envolve e encanta – e é por isso que vimos em Nova York a Tiffany dar ainda mais destaque ao seu café na reformulada loja flagship da Quinta Avenida, ao mesmo tempo em que marcas como Intimissimi e Ralph Lauren apresentam cafés em suas lojas (e a Victoria’s Secret, em processo de renovação da sua imagem, passará a apostar nesse modelo).

O eixo do Foodservice como uma experiência permite que os varejistas avancem além da venda de produtos e criem momentos de interação com os consumidores. Seja uma pausa no dia para um café, um encontro com amigos ou mesmo uma situação em que a loja vira o escritório do cliente por alguns minutos, o investimento do varejo em soluções de alimentação cria oportunidades adicionais de relacionamento com os consumidores, o que se reverte no reforço à imagem da marca.

Um mergulho na NRF Big Show 2024 traz inspirações e permite cruzar conceitos de outros segmentos com a realidade dos negócios em foodservice e com as tendências relevantes para o setor no Brasil. Para um aprofundamento maior nas tendências do foodservice brasileiro, sugerimos a leitura do material que apresenta a Mandala GALUNION de Food&Tech Trends renovada. Uma fusão de ingredientes que gera inovação e elimina barreiras no relacionamento com os clientes.