Palestra: Era of Experience Shaping the Foodservice Future, com a Simone Galante e o Tom Moreira Leite
Foodservice: conexões, tecnologia e experiências
Simone Galante destaca tendências que movimentam o mercado na National Restaurant Association Show 2025
A convergência entre tecnologia, mudanças no comportamento dos consumidores e a procura por experiências marcantes vem transformando o Foodservice em todo o mundo.
Em sua apresentação na National Restaurant Show 2025, Simone Galante, fundadora e CEO da GALUNION, mostrou que o futuro da alimentação fora do lar vai muito além do produto: ele envolve a criação de conexões e experiências relevantes para o público.
“A experiência se constrói a partir de uma combinação de imagens, sensações, pensamentos e memórias. O desafio das empresas é ser intencional e consistente na formação das experiências, utilizando tecnologia para trazer eficiência e o toque humano para criar vínculos emocionais”, analisa.
Essa combinação “tech + touch” é reforçada pelos números. De acordo com a pesquisa “Alimentação hoje: a visão do consumidor”, realizada em março de 2025 com mais de mil brasileiros, entre os principais pontos de paixão do consumidor brasileiro em 2025 estão entretenimento (58%), música (56%), experiências sensoriais (50%) e conexão comunitária (39%).
Além disso, 58% dos consumidores estão mais atentos aos rótulos e à origem dos alimentos, 46% cuidam mais da saúde a partir de dietas e suplementos, 45% praticam mais atividades físicas e 48% frequentam bares e casas noturnas com menos frequência do que há dois anos.
“São mudanças importantes no comportamento dos consumidores que precisam ser identificados pelas marcas que desejam ser relevantes na construção de relacionamentos e histórias com o público”, diz.
A Era da Conexão
Na combinação entre tech e touch, a conexão se torna a nova moeda. E as experiências são a forma como as conexões são conquistadas. “O Foodservice deve acessar os diversos pontos de paixão para criar avenidas de crescimento a partir dessas conexões”, afirma a especialista.
Os exemplos já estão presentes no mercado brasileiro.
A Track&Field, por exemplo, mostra que é possível ir além da venda de roupas esportivas, unindo esporte, comunidade, bem-estar e inovação tecnológica com a oferta de experiências gastronômicas em suas lojas. As 13 operações TFC food & market já em operação contribuem para que a marca se posicione como “lifestyle brand”, ganhando o direito de participar de novas conversas com os consumidores.
Outro exemplo é a Dengo, que trabalha com pequenos produtores de cacau e castanhas da Amazônia e da Mata Atlântica para promover um impacto social positivo. “Dengo significa afeto, e é isso que a marca leva para dentro de suas lojas, pelo produto, pela comunicação, pela ambientação e pelo atendimento ao cliente”, explica Simone.
Já a Café Cultura, com 53 cafeterias no Brasil, aposta na música, em experiências sensoriais e no empoderamento feminino para criar comunidades ao redor do café, transformando o consumo em um verdadeiro ritual e promovendo eventos que conectam o público e criam experiências que vão além da bebida.
Tecnologia para crescer
Ao mesmo tempo, é preciso estar atento à inovação tecnológica como um motor de eficiência e diferenciação. O Grupo Trigo, um dos maiores operadores de restaurantes do Brasil, implementou um sistema de Inteligência Artificial em uma de suas unidades da marca Gurumê, especializada em culinária japonesa.
A solução, baseada em câmeras e algoritmos, trouxe ganhos expressivos: 22% de melhoria no tempo de atendimento inicial, 30% no tempo de entrega de bebidas e 40% na redução de não conformidades operacionais. O segredo está em testar soluções em pequena escala, medir resultados e, se aprovadas, expandir para toda a operação. “A tecnologia só faz sentido quando resolve um problema real e entrega valor ao cliente”, explica Tom Moreira Leite, presidente do Grupo Trigo.
Para o executivo, a adoção de novas tecnologias só é bem-sucedida quanto a liderança está engajada, a cultura organizacional é aberta à inovação e existe disciplina na mensuração de resultados, sempre com foco na experiência do consumidor final. “É preciso ter consistência e coerência para gerar resultados”, resume Leite.
O Brasil vive um momento de redescoberta de sua identidade gastronômica, com valorização de ingredientes nativos, sustentabilidade e diversidade regional. Mesmo diante de desafios econômicos e operacionais, o setor continua crescendo, a partir da confluência de diferentes formatos, do avanço do delivery e de tendências como saudabilidade, conveniência e experiências multissensoriais. O futuro do Foodservice está na combinação entre eficiência operacional, inovação tecnológica e a capacidade de criar experiências emocionalmente relevantes. “O sucesso não está nos formatos de negócios, mas sim em como fazemos as pessoas se sentirem”, diz Simone. “O segredo está em unir tech e touch. É aí que a mágica acontece”, finaliza.